Vocês deviam parar pra ouvir de verdade Marina Sena
Foi sem querer que começou a tocar e ficou claro: são três álbuns e três acertos deliciosos.
Dia dessas o Daily Mix, que não costuma ser muito mix, resolveu colocar diversas músicas da Marina Sena pra eu ouvir. Misturou os dois álbuns, De Primeira e Vício Inerente, e entre outras tantas canções brasileiras e vozes femininas daquela playlist, eu percebi algo que, por mais que eu gostasse dela desde Por Supuesto, eu não tinha levado a sério: essa mulher é realmente boa, tanto canetando quanto, quero deixar claro pra que não haja qualquer dúvida, cantando.
Entendo que nas transmissões ao vivo de shows pela TV (que nunca serão nem o show in loco, nem uma gravação em estúdio, sim um meio termo bem meia-boca) as coisas não pareçam boas — eu também não gosto. A ideia de cantar Gal ao vivo também não foi das melhores, especialmente pelo sarrafo extremamente alto. Junta tudo isso, é compreensível a reação que as pessoas tiveram.
Mas cês já pararam pra ouvir De Primeira? Parar de verdade, tirar uma hora ou duas pra ouvir e reouvir? De todos os adjetivos que eu poderia usar, o que mais se aplica a esse trabalho é uma delícia. Uma delícia ouvir, uma delícia curtir, uma delícia a vibe. Vício Inerente vai pra um outro lado que, inicialmente, não me prendeu tanto quanto De Primeira, mas ao ouvir com calma, sem esperar que ele seja algo parecido com o anterior... bate. Não a mesma delícia, mas uma sensação mais potenta, madura, realmente gostosa, da letras que ela escreve à voz que ela tem.
Marina Sena é foda.
Uns meses depois, dessa vez sem esperar ser "surpreendido" com um pseudo-shuffle do Spotify, ouvi e reouvi o terceiro álbum, Coisas Naturais, lançado no início de Abril, e posso confirmar que Marina Sena fez de novo. Ela é foda.
O ponto mais importante pra mim aqui é que ela se manteve verdadeira com ela mesma ou, como diriam os ingleses, true to herself. É clara a evolução de arranjos e letras (ok, ela rimou Rio lugar com rio do verbo rir, but still), ainda que as bases e os temas sigam os mesmos. Bases, os temas, as vibes, aqueles toques virando a cara a la Ronaldinho Gaúcho com algumas palavras. Melhor exemplo disso tudo é o seu funk proibidão, CARNAVAL (em caixa alta mesmo), onde ela conseguiu não só canetar, como assinar deliciosamente o que a gente ouve. E eventualmente sente.
São apenas 43mins, mas são 43mins de uma audição absolutamente deliciosa que eu queria muito conseguir escutar num show do SESC da vida. Não vai acontecer tão cedo, mas eu queria. Ver e ouvir de perto deve ser um rolê completamente diferente.
Enquanto isso, ouçam Marina Sena. Esqueça o que vocês ouviram sobre ela ou o que ouviram na TV, no meio da tarde. Ela é foda.