Uma Batalha Após a Outra é puro cinema

Quando um filme de 3 horas dá a sensação que tem uma hora e meia, é porque o negócio é bem feito mesmo

Uma Batalha Após a Outra é puro cinema

Existem alguns filmes que antes mesmo de terminar, você já tem a impressão de estar assistindo a algo especial. 2025 já tinha apresentado algo assim com Pecadores e, depois de um 2024 bastante conturbado, a Warner conseguiu acertar mais uma vez com Uma Batalha Após a Outra, novo filme do diretor Paul Thomas Anderson.

Desde o lançamento do primeiro trailer, o filme parecia nada com nada. Todo o marketing em torno da produção era confuso, não dava muito pra saber do que ele se tratava, apenas que tinha um elenco bastante interessante, liderado por um Leonardo DiCaprio com cara cada vez mais inchada, e ser um novo filme de um dos melhores diretores em atividade em Hollywood. Parecia o suficiente, mas ainda tudo era muito esquisito.

Antes mesmo do final das duas horas e cinquenta minutos de duração (que você nem sente), deu pra entender que Uma Batalha Após a Outra nem precisava tanto de marketing além do “Assista”. Eu nem deveria ter duvidado em algum momento desse filme.

Viva la revolución!

Uma Batalha Após a Outra pode ser dividido em três partes, com a primeira apresentando o grupo revolucionário French 75, logo nos primeiros minutos atacando um centro de detenção de imigrantes na fronteira entre EUA e México. É ali que somos apresentados a três dos principais personagens do filme.

Ghetto Pat, um sujeito que parece bastante desengonçado e especialista na criação de bombas pro grupo, interpretado pelo Leonardo DiCaprio que cada vez mais perde a pinta de galã, mas reforça o quão bom ator é; Capitão Lockjaw, interpretado por um Sean Penn de cabelinho ridículo que ainda consegue ser ameaçador mesmo sendo bastante patético.

Perfidia e o Capitão Lockjaw e seu cabelinho ridículo (Imagem: Warner Bros)

E pra fechar, Perfidia Beverly Hills, um dos nomes mais legais que eu já vi, interpretada pela atriz Teyana Taylor, que eu nunca tinha visto na vida e fiquei impressionado com o magnetismo dela na tela. Toda vez que a Perfidia aparecia, ficava impossível não prestar atenção na revolucionária que causa boa parte dos acontecimentos do resto do filme.

Perfidia e Bob se tornam um casal e ela acaba grávida, algo que poderia dar fim à sua vida de guerrilheira. O problema é que ela não consegue deixar essa vida para trás, iniciando uma reação em cadeia que muda tudo para os envolvidos. Tanto que Pat precisa fugir com a sua filha bebê para uma cidadezinha no meio do nada.

Família feliz? (Imagem: Warner Bros)

Nesse momento, o filme dá uma virada e, anos depois, mostra que Pat agora é Bob, um sujeito extremamente paranóico e maconheiro, que vive com sua filha adolescente, Willa, interpretada pela atriz Chase Infiniti.

Quando o agora coronel Lockjaw ressurge para tentar encontrar os dois, todo o caos esperado acontece.

Falar mais sobre a história de Uma Batalha Após a Outra tiraria boa parte da sua graça, sendo que nisso que eu disse aí já foi tudo bem por cima. Mesmo assim, ele é o tipo de filme que você ainda poderia assistir sabendo de tudo e conseguir se impressionar com o ritmo e os personagens apresentados pelo diretor Paul Thomas Anderson.

Até mesmo personagens que passam poucos minutos na tela são tão interessantes quanto Bob, Willa e Lockjaw. Você não sente passar a longa duração do filme, simplesmente porque ele não para em momento algum. Existe uma cena de fuga de Bob acompanhada de uma trilha nervosa que vai se estendendo de uma forma tão magnética que é impossível tirar os olhos da tela.

Uma das coisas que mais me impressionou é que mesmo mostrando os problemas de grupos revolucionários, do autoritarismo PODRE dos Estados Unidos, eu estava 100% entregue ao que acontecia com Bob e principalmente Willa. Eu nunca tinha visto qualquer trabalho da atriz de 25 anos, mas fiquei realmente impressionado como tanto ela quanto a sua “mãe” Teyana Taylor têm algo que torna impossível tirar os olhos delas quando estão na tela.

Essa mina é incrível (Imagem: Warner Bros)

E mesmo tratando sobre temas pesados, mostrando violência e pessoas horríveis, Uma Batalha Após a Outra ainda consegue ser um filme engraçado. Em alguns momentos, as situações conseguem ser realistas e ridículas o suficiente pra mostrar que é possível rir no meio de uma revolução armada.

Eu nem tenho muito mais a falar sobre o que senti ao assistir ao filme além dele ter se tornado um dos meus filmes favoritos do ano. Algo que talvez eu revisite de tempos em tempos. Existem diversos reviews que poderão tratar melhor dos aspectos técnicos do filme ou pescar outros detalhes.

O que eu posso dizer sobre Uma Batalha Após a Outra é que o cinema mundial precisa de mais filmes assim. E que mais uma vez o Paul Thomas Anderson mostra porque é um dos melhores diretores em atividade em Hollywood.